O PROGRAMA NUCLEAR BRASILEIRO DURANTE A DITADURA CIVIL-MILITAR: do abandono da linha autonomista ao acordo de cooperação com a Alemanha (1964-1975)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18817/ot.v19i34.985

Palavras-chave:

Ditadura, Política nuclear, Acordo Nuclear Brasil-Alemanha

Resumo

O artigo aborda os principais aspectos da política nuclear brasileira durante a ditadura, desde o abandono da tentativa de desenvolvimento autônomo a partir do golpe de 1964, até a assinatura do Acordo de Cooperação Nuclear Brasil-Alemanha, estabelecido em 1975. O acordo, longe de significar uma “autonomia econômica e tecnológica” para o desenvolvimento nucleoelétrico brasileiro, representou, na realidade, um aprofundamento das relações de dependência e subordinação da política nuclear brasileira aos interesses do capital estrangeiro, representado, em grande medida, pelo grupo KWU/Siemens. Logo após um breve panorama da política nuclear desenvolvida no país até o golpe de 1964, o artigo aborda as suas principais mudanças com o governo Castelo Branco; as discussões em torno da não adesão do Brasil ao Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares durante o período Costa e Silva; a construção da usina Angra I, iniciada no governo Médici; e a assinatura do acordo nuclear Brasil-Alemanha, no governo Geisel.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

RAFAEL VAZ DA MOTTA BRANDÃO, UFF

Doutor em História Social pela UFF

Professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Faculdade de Formação de Professores (UERJ-FFP)

São Gonçalo/Rio de Janeiro/Brasil

 

Referências

Fontes primárias

ACORDO de Cooperação para Usos Civis de Energia Atômica e o Programa Conjunto de Reconhecimento e Investigação de Urânio no Brasil. Arquivo Paulo Nogueira Batista, CPDOC, PNB pn a 1955.08.03, Pasta I, I-1.

BRASIL. Contrato de acionistas da Nuclen, assinado em 17 de dezembro de 1979, entre a Nuclebrás e a KWU.

BRASIL. Decreto nº 30.583, de 21 de fevereiro de 1952. Cria a Comissão de Exportação de Materiais Estratégicos e dá outras providências. Diário Oficial da União: seção 1, Rio de Janeiro, p. 2.873, 28 fev. 1952.

BRASIL. Decreto nº 65.160, de 15 de setembro de 1969. Promulga o Acordo Geral de Cooperação nos setores da Pesquisa Científica e do Desenvolvimento Tecnológico, firmado com a República Federal da Alemanha. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1950-1969/D65160.htm. Acesso em: 13 dez. 2021.

BRASIL. Discurso do Ministro Genscher no Almoço Oferecido ao Ministro Azeredo da Silveira. Diário do Congresso Nacional: seção 2, 28 jun. 1975.

BRASIL. Lei nº 1317, de 15 de janeiro de 1951. Cria o Conselho Nacional de Pesquisas e dá outras providências. Diário Oficial da União: seção 1, Rio de Janeiro, p. 809, 16 jan. 1951.

CONTRATO mudou na última hora. Jornal do Brasil, n. 138, 24 ago. 1979.

EINIGE Anmerkungen zum deutsch-brasilianischen Nuklearabkommen. Die Welt, n. 195, 24 jun. 1975.

ELETROBRÁS. Plano de Atendimento aos Requisitos de Energia Elétrica das Regiões Sul e Sudeste até 1990. Rio de Janeiro, 1974.

INSTALAÇÕES para a Produção de Urânio Metálico no Brasil. Arquivo Paulo Nogueira Batista, CPDOC, PNB pn a 1952.07.01, Pasta I, I-34.

MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES. Política Nuclear do Brasil: textos e declarações, 1967. Arquivo Juracy Magalhães, CPDOC, 621.039(81)/B 823p.

NUCLEN se adaptou às S.A., mas acordo não. Jornal do Brasil, n. 138, 24 ago. 1979.

OS PONTOS Críticos do Acordo da Nuclen. Jornal do Brasil, n. 140, 26 ago. 1979.

PROTOCOLO de Instrumentos Entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da República Federal da Alemanha Sobre a Implantação do Acordo de Cooperação no Campo dos Usos Pacíficos da Energia Nuclear. Arquivo Antônio Azeredo da Silveira, CPDOC, 1975.

Bibliografia

ANDRADE, Ana Maria Ribeiro de. A dinâmica política da criação da Comissão Nacional de Energia Nuclear, 1956-1960. Boletim do Museu Paraense Goeldi, Belém, v. 8, n. 1, p. 113-128, jan./abr. 2013.

ANDRADE, Ana Maria Ribeiro de. Conflitos políticos no caminho da autonomia nuclear brasileira. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA, 24., 2007, São Leopoldo. Anais [...]. São Leopoldo: ANPUH, 2007. p. 1-10.

BRANDÃO, Rafael Vaz da Motta. O “Negócio do Século”: o Acordo de Cooperação Nuclear Brasil – Alemanha. Rio de Janeiro: Autografia, 2017.

BRANDÃO, Rafael Vaz da Motta; CAMPOS, Pedro Henrique Pedreira. Ditadura, política nuclear e grupos empresariais: o caso da participação da KWU/Siemens e da Odebrecht na construção das usinas de Angra dos Reis. História: debates e tendências, v. 19, n. 3, p. 439-456, 2019.

CABRAL, Anya. História das usinas nucleoelétricas no Brasil. Revista Eletrônica de Energia, Salvador, v. 1, n. 1, p. 58-71, jul./dez. 2011.

CAMPOS, Pedro Henrique Pedreira. Estranhas Catedrais: as empreiteiras brasileiras e a ditadura civil-militar, 1964-1988. Niterói: Ed. da UFF, 2014.

CHAVES, Rodrigo Morais. O Programa Nuclear e a Construção da Democracia: análise da oposição ao Programa Nuclear Brasileiro (1975‐1990). 2014. Dissertação (Mestrado em História, Política e Bens Culturais) - Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro, 2014.

DREIFUSS, René. 1964: a conquista do Estado: ação política e golpe de classe. Petrópolis: Vozes, 1981.

GALL, Norman. Átomos para o Brasil. In: CARVALHO, Getúlio (org.). As Multinacionais: os limites da soberania. Rio de Janeiro: FGV, 1980.

GIROTTI, Carlos Alberto. Estado nuclear no Brasil. São Paulo: Editora Brasiliense, 1984.

GUILHERME, Olympio. O Brasil e a era atômica. Rio de Janeiro: Editora Vitória, 1957.

HOBSBAWM, Eric. A era dos extremos: o breve século XX (1914-1991). São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

MARQUES, Paulo Queiroz. Sofismas nucleares: o jogo das trapaças na política nuclear do país. São Paulo: HUCITEC, 1992.

MARTINS, Carlos Estevam. A evolução da política externa brasileira na década 1964/1974. Estudos CEBRAP, n. 12, p. 54-98, 1975.

MIROW, Kurt Rudolf. A loucura nuclear: enganos do Acordo Nuclear Brasil-Alemanha. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1979.

MONIZ BANDEIRA, Luiz Alberto. Presença dos Estados Unidos no Brasil: dois séculos de história. 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1979.

MOREL, Regina Lúcia Moares. Ciência e Estado: a política científica no Brasil. São Paulo: T. A. Queiroz, 1979.

ROSA, Luiz Pinguelli. A política nuclear e o caminho das armas atômicas. Rio de Janeiro: Editora J. Zahar, 1985.

SANTOS, Tomé Sudário Gomes Ferraz dos. A política nuclear brasileira até 1964. 2007. Dissertação (Mestrado em História da Ciência) - Pontifica Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2007.

SOARES, Guido Fernando Silva. Contribuição ao estudo da política nuclear brasileira. 1974. Tese (Doutorado em Ciências Humanas) - Pontifica Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 1974. Mimeografado.

Downloads

Publicado

2022-07-04

Como Citar

BRANDÃO, R. V. D. M. . (2022). O PROGRAMA NUCLEAR BRASILEIRO DURANTE A DITADURA CIVIL-MILITAR: do abandono da linha autonomista ao acordo de cooperação com a Alemanha (1964-1975). Outros Tempos: Pesquisa Em Foco - História, 19(34), 63–91. https://doi.org/10.18817/ot.v19i34.985